Endometriose é considerada uma doença da mulher moderna, uma vez que uma de suas principais características é o adiamento, cada vez mais freqüente, da gravidez. Cerca de seis milhões de mulheres brasileiras sofrem com esta doença, outras nem sabem que são portadoras. E tudo isso, porque algumas dores consideradas normais, como cólicas menstruais, entre as menstruações ou durante a relação sexual, podem estar diretamente ligadas à endometriose ou ainda ser confundidas com os sintomas de outra doença.
Portanto, é fundamental conhecer mais de perto esta doença, presente em cerca de 10% da população feminina em idade fértil.
Você sabe o que é endometriose?
A doença é caracterizada pela presença de tecido semelhante ao
endométrio, fora do útero. A cada mês, partes desse tecido são
expelidas pelo útero, causando o sangramento normal da mentruação. A
endometriose ocorre quando partes do endométrio não são expelidas e
refluem através das trompas e se depositam em outros lugares como a
pelve, a bexiga, o apêndice e o intestino.
Quais os principais sintomas da doença?
O principal sintoma é a cólica durante o período menstrual. Com
freqüência, essas cólicas são progressivas, por vezes incapacitantes.
A dor durante a relação sexual também é freqüente. A doença também
pode se manifestar por meio da dificuldade em engravidar. Além disso,
dores fora da menstruação, alterações intestinais ou urinárias durante
o fluxo menstrual podem estar presentes.
A endometriose mata?
Não, mas é uma doença que pode alterar muito o ritmo de vida das
adolescentes e das mulheres. Seus sintomas – dor, infertilidade e o
comprometimento de outros órgãos – acabam por limitar as atividades
normais do dia-a-dia.
É possível pegar endometriose?
Não. A doença não é transmissível.
Endometriose tem cura?
Pode ter cura, desde que detectada em seu início. Em outros casos,
pode ser controlada. A doença pode surgir desde a primeira até a
última menstruação.
Quais são as formas de tratamento?
A doença pode ser tratada cirurgicamente (laparoscopia) ou por meio de
medicações. Além disso, ações que melhorem a qualidade de vida tais
como exercícios, psicoterapia, ajudam no tratamento. Procure seu
ginecologista e relate todos os sintomas. Ele indicará o melhor
tratamento para cada caso.
Quais são os exames necessários para diagnosticar a doença?
A principal arma diagnóstica é a supeita clínica. Uma boa conversa com
seu ginecologista associada a um bom exame ginecológico podem permitir
o diagnóstico e, conseqüentemente, auxiliar no tratamento. Exames
laboratoriais podem, em alguns casos, ajudar. Atualmente, vários
exames de imagem tais como ultra-sonografia especializada, ressonância
magnética ou ecocolonoscopia, podem ser úteis. O diagnóstico final é
feito por biópsia dos focos, em geral por um procedimento chamado
laparoscopia.
Existe alguma forma de prevenção?
Podemos e devemos fazer a prevenção! O principal meio de prevenção é a
identificação das mulheres que têm a doença em seu início! Este
objetivo pode ser alcançado por meio da conscientização das mulheres
que estão no período reprodutivo! Cólica menstrual não é um sintoma
inerente a todas as mulheres! Se você tem dor durante a menstruação,
incômodo na relação sexual ou dificuldade para engravidar, discuta com
seu ginecologista sobre endometriose. Quanto mais cedo se detecta a
doença, mais rápido um tratamento adequado poderá ser iniciado.
Que órgãos podem ser afetados pela doença?
Qualquer órgão da pelve pode ser acometido. A instalação da doença nos
ovários leva a um cisto denominado endeometrioma. Este cisto pode
atingir grandes proporções e comprometer o futuro reprodutivo da
mulher. Outros órgãos, como o intestino grosso (reto e sigmóide),
bexiga, apêndice e vagina podem ser afetados pela endometriose. Em
casos raros, órgãos distantes como pulmão, pleura e sistema nervoso
central também podem ser atingidos pela doença.
Existem características físicas, psíquicas, comportamentais ou
profissionais que determinem maior propensão à doença?
A principal característica comportamental que predispõe à doença é,
sem dúvida, a postergação, cada vez mais freqüente, da maternidade. A
mulher moderna tem seus filhos cada vez mais tarde e os têm em menor
número, fator que predispõe à endometriose. Vários estudos procuraram
definir as características físicas e psíquicas das mulheres com
endometriose, mas nenhum obteve êxito neste aspecto. Alguns indícios
sugerem que mulheres ansiosas, com alto grau de estresse estão mas
propensas a desenvolver a doença.
A doença pode evoluir para câncer?
É pouco provável. Até hoje não existem indícios de que a doença pode
ser relacionada com câncer.
Quais os aspectos de maior gravidade da doença?
Os sintomas limitantes à vida da mulher (dor), a infertilidade e o
comprometimento de outros órgãos.
Qual é a relação da endometriose com a infertilidade?
A infertilidade está presente em cerca de 40% das mulheres com
endometriose. A doença dificulta a gravidez pois, em casos avançados,
compromete as trompas (órgão que conduz o óvulo ao útero) e os
ovários. Em casos de doença leve, a dificuldade se deve a alterações
hormonais e imonológicas.
Em quais situações é possível reverter o quadro de infertilidade?
O tratamento cirúrgico pode ser útil, através da remoção das lesões e
da restauração da anatomia pélvica, por vezes distorcida devido às
aderências. Em alguns casos há necessidade de tratamento complementar,
que depende da gravidade da doença. Entre eles, a indução de ovulação,
inseminação intra-uterina ou, em casos avançados, fertilização in
vitro.