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Um parto inesquecível – Fantástico 30 anos
Em 25 de agosto de 1974, Cid Moreira apresentou a seguinte matéria:
“Na Índia, onde esteve em contato com mestres hindus, Frédérick Leboyer, graças à meditação e a regressão à infância, pode perceber o sofrimento do recém-nascido na hora do parto. Leboyer volta à França, faz psicanálise e volta novamente à Índia. Dessas viagens resulta um novo método de parto baseado no amor e na sensibilidade. Ao invés das luzes, o parto é feito na penumbra, em silêncio, com movimentos lentos e com a participação da mãe.”
“Agora esse neném, essa Juliana que nasceu você pode apalpá-la, acariciá-la”, ensina o obstetra e ginecologista Claudio Basbaum à mãe Cristina Robba logo após o nascimento da filha Juliana.
Agora, em maio de 2003, o reencontro. “Boa noite, Juliana! Quase 30 anos depois”, exclama Basbaum ao ser recebido pela jovem, hoje com 28 anos.
“Eu já tinha ouvido falar a respeito do trauma do nascimento”, disse Cristina na época, então com 19 anos.
“Cristina Robba!”, diz o médico, com empolgação. “Tudo bem?!”, responde Cristina. “Eu fui um obstetra clássico durante muitos anos. Mas o Basbaum mudou também, teve o antes de Leboyer e o depois de Leboyer”, explica Basbaum.
Os três se divertem assistindo à reportagem de 28 anos atrás. “Hoje eu vejo, e me emociono sempre de ver, médicos jovens seguindo alguns passos: a luz em penumbra, o bebê no seio da mãe, que é o lugar que ele deve ir na hora em que sai”, comenta o obstetra.
“O primeiro estudo, o mais conhecido, foi um feito na França há muitos anos. É um estudo sério, feito na Universidade de Sorbonne, com um grupo de crianças que tinha nascido nas mãos do Frédérick Leboyer, mostrando que são crianças mais seguras, mais autônomas. Em essência, são crianças que ficam sem medo”, explica Basbaum.
Juliana na infância foi uma criança criativa, extremamente social, uma criança de um excelente relacionamento, tanto com outras crianças quanto com adultos”, recorda a mãe Cristina. “É difícil a gente fala da gente, mas eu acho que eu sou bem tranqüila”, complementa Juliana.
“À medida que nós começamos a divulgar as idéias, a população começou, praticamente, a exigir do médico que ele mudasse a sua atitude, que o espaço onde o bebê nasce seja respeitado de uma forma diferente. É importante que nós médicos não só vejamos a doença, ou a patologia, ou o parto, mas vejamos a emoção que deve nortear, sobretudo, no momento emq eu uma criatura vem daquele mundo tão diferente e que chega no nosso mundo de fora”, conclui Basbaum.
Aos 85 anos, Frédérick Leboyer mora em Londres. Ele ainda trabalha dando palestras em vários países.