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Há uma crença de que a mulher engravidar é algo muito fácil e simples, mas a realidade muitas vezes pode ser bem diferente. As estatísticas demonstram que a dificuldade ou impossibilidade para conceber afetam um imenso número de casais em todas as populações estudadas. Esta incapacidade é sempre um elemento gerador de grandes conflitos pessoais, conjugais e familiares.

Com certeza, a expectativa de que conceber seja algo simples ocorre por desconhecimento, pela falta de informações, já que nas várias populações analisadas, a capacidade média para um casal gerar uma criança naturalmente num único ciclo, é de apenas 25-30%/mês.

Não obstante, acho importante que haja esta ideia de que engravidar seja “algo simples” , em particular, entre aqueles jovens imaturos, sem comprometimento ou estrutura para gerar um filho e que se expõem a uma gestação não planejada ou indesejada. Não deixa de ser uma forma de estímulo e alerta para que usem métodos contraceptivos seguros e para que também se protejam contra as doenças sexualmente transmissíveis. Não dá para confiar na sorte…ou no azar…

Chamamos de infertilidade, a ausência de uma gestação bem sucedida, dentro do prazo de pelo menos 12 meses, quando um casal tem vida sexual regular, sem uso de qualquer meio contraceptivo. Isto porque, sabemos que nas pessoas consideradas férteis, a taxa de gravidez é de até 30% a cada mês. Mesmo com estas taxas, sabemos que no primeiro ano, só cerca de 85% dos casais jovens, saudáveis e com desejo procriativo, vão conseguir engravidar. Este percentual passa para 92-93% ao final de 2-3 anos.

Quais são os fatores que podem influenciar neste momento?

Vários fatores podem afetar a capacidade procriativa de um casal e pode ser devido a um parceiro ou a ambos. A proporção depende do tipo de população pesquisada, se o fator é exclusivamente feminino (30-35%), masculino (30%), associação feminino/masculino (20%) e sem causa reconhecida, mesmo após exaustivos estudos nos parceiros, (15-20%).

Fato relevante é que as taxas de infertilidade variam muito com a idade, principalmente da mulher. Assim, entre 20/24 anos é de 5-6%, dos 25/29 anos é de 9-10 %, entre 30/34 anos é de 15% e praticamente dobra (30%) entre as mulheres de 35-39 anos. Acima dos 42/44 anos a prevalência da infertilidade é de mais de 60%. Assim, fica evidente o declínio da fertilidade na mulher, desde muitos anos antes da menopausa, mesmo naquelas que menstruam com regularidade. Fica claro que a infertilidade aumenta com o envelhecimento da mulher, sobretudo após os 35 anos e eventualmente nos homens com mais de 50 anos.

Dentre os fatores que podem estar associados com a infertilidade, podemos mencionar:

Na mulher:

  • Distúrbios menstruais(Ciclos irregulares, anovulação, cólicas, …)
  • Anormalidades congênitas (uterinas, ovarianas, tubárias…)
  • Doenças pregressas ou atuais (passado cirúrgico ou clínico, doenças inflamatórias na pelve, doenças sexualmente transmissíveis, endometriose, apendicite,miomas uterinos, inflamação/obstrução das trompas …)
  • Distúrbios metabólicos (tireóide, hepático, renal, obesidade, hirsutismo …).

No homem

  • Distúrbios endócrinos(tireoide, suprarrenal, medicamentos,tumores…)
  • Qualidade do sêmen comprometida ( quantitativa e qualitativa)
  • Distúrbios anatômicos-( malformações, varicocele…)
  • Disfunção sexual-(impotência, perda da libido, ejaculação retrógrada..).

Outros fatores:

  • uso de certos medicamentos
  • uso de bebidas alcoólicas e fumo, atividade profissional
  • frequência de coito, uso de certos lubrificantes vaginais-por sua ação espermicida.

É fundamental, que mesmo diante do reconhecimento de fator associado a infertilidade em um dos parceiros, o casal como um todo seja sempre investigado.

Nas últimas décadas, em função de importantes mudanças sociais, observamos casamentos mais tardios, ao mesmo tempo que os casais adiam a gestação voluntariamente, em busca da realização profissional e da independência feminina. Neste particular, a contracepção muito contribuiu para o planejamento de gestações mais tardias e como sabemos, esta “perda de tempo” está associada a queda progressiva da fertilidade e ao aumento das perdas gestacionais por abortamento.

Considerando todos os aspectos referidos, todo casal deverá procurar o ginecologista especializado no tratamento da infertilidade, após 1 ano ou mais de “tentativas” sem que tenha conseguido engravidar. Exceção se faça quando a mulher tenha 35 anos ou mais e também os homens com 50 anos ou mais, quando a busca pelo diagnóstico e tratamento deverá já ser feita após 6 meses de falha para alcançar uma gestação.

Em conclusão, fica claro que engravidar não é algo tão fácil como nos ensinam!

Veja a matéria publicada no site do Portal Minha Vida.