Cistos do Ovário

A videoendoscopia permite o diagnóstico precoce da doença e o seu tratamento sem as cicatrizes da operação convencional, além de muitas outras vantagens

1990-01_contigo_miniA atriz Carolina Ferraz, apresentadora do Programa de Domingo da Manchete – que viveu a fase jovem da personagem Irma em Pantanal -, se deparou de repente com um problema comum a muitas mulheres na faixa dos 14 aos 44 anos: cistos do ovário. Felizmente, o distúrbio foi diagnosticado cedo e resolvido com uma cirurgia, que logo permitiu a Carolina retomar suas atividades normais.

– Operei de manhã e no dia seguinte, à noite, já estava em casa. Só precisei ficar quinze dias de repouso até a completa recuperação – conta.

Apesar de simples, esse tipo de cisto deve ser descoberto e tratado o quanto antes (ver quadro), pois, em alguns casos, pode conter tumores malignos e causar o pior tipo de câncer que existe, por ser silencioso e fatal.

Muitas mulheres adiam o tratamento, entre outros motivos, porque a cirurgia convencional deixa uma cicatriz no abdômen, igual à da cesariana. Mas isso, agora, também pode ser evitado com uma nova técnica – a videoendoscopia -, que permite o diagnóstico precoce da doença e sua eliminação praticamente sem cicatrizes.

– Em vez de cortes, o método exige apenas dois ou três pequenos orifícios, de até cinco milímetros, para a introdução de instrumentos especiais e uma câmera de tevê miniaturizada, que permite uma verdadeira viagem dentro do corpo. Com isso, é possível fazer tudo o que a cirurgia convencional faz, só que sem cortes – explica o ginecologista Cláudio Basbaun, que introduziu o método no Brasil há um ano.

A operação, segundo o médico, é mais demorada que a convencional, leva pouco mais de uma hora. Mas tem muitas vantagens: evita, por exemplo, o clima hospitalar – a impressão que a paciente tem é de ter ido fazer exames.

O período de internação geralmente é reduzido a seis horas, e dois dias depois pode-se retornar às atividades normais, sem a necessidade de muitos dias de repouso.

– Além disso, a operação por videoendoscopia tem um custo bem menor pela redução da hospitalização e dias inativos. Sem contar que diminui o risco de infecções pós-operatórias e aderências, pois a cavidade abdominal não é exposta e não há atritos de gazes e compressas – diz Basbaum, que tem consultório em São Paulo, na R.Dr.Alceu de Campos Rodrigues, 46, cj.4, tel.(011) 829-4585.

Antes da intervenção, que só é contra-indicada para quem sofre de problemas cardíacos graves, são feitos os exames de rotina (glicemia, hemograma, fluxometria e urina). A anestesia é geral ou peridural, e toda a operação é registrada em videocassete, o que permite a documentação do problema para consulta do médico e da própria paciente.

– A videoendoscopia diminui também o alto percentual de mulheres submetidas a intervenções desnecessárias, mesmo quando exames laboratoriais confirmam a existência do problema. É que nem todos os cistos devem ser operados imediatamente. Alguns casos podem ser observados e tratados apenas com medicação – afirma o especialista. Afinal, o ser humano não foi preparado para ser aberto e exposto.

Reportagem: Maria Arleyde Caldi

Exame ginecológico é a melhor prevenção

Dores pré-menstruais, alterações dos pêlos em volta das aréolas mamárias, no queixo, buço ou abdômen, dificuldade de perder peso e engravidar, irregularidade menstrual ou hemorragias sem causa aparente são os sintomas mais comuns que podem indicar a existência de cistos no ovário.

As causas da doença podem estar ligadas à hereditariedade ou ao mau funcionamento hormonal. Por isso é importante, desde cedo, nunca tomar remédios que alterem o equilíbrio hormonal (como os usados para regular a ovulação) sem orientação médica, e aprender a utilizar corretamente os métodos anticoncepcionais.

– O melhor meio de evitar os cistos é fazer exames ginecológicos duas vezes por ano – diz o médico Cláudio Basbaun. – Com eles é possível descobrir e combater qualquer irregularidade antes que traga problemas mais graves.