No Brasil, cerca de 300 mil mulheres por ano, perdem o útero como consequência da doença
Apesar de ser um mal que pode atingir de 30% – 70% das mulheres em idade fértil, nem todos os miomas evoluem com sintomas . Só cerca de 20%- 30% das pacientes tem queixas importantes e são estas que requerem tratamento mais intensivo. Entretanto, o acompanhamento médico das portadoras de miomas é necessário e deve ser feito regularmente pelo ginecologista.
O Brasil ainda tem um número elevado de cirurgias para retirada do útero (histerectomia). O ginecologista e obstetra, Dr. Claudio Basbaum, diretor-médico da PRÓ-MATRIX , alerta que muitas dessas intervenções deveriam e poderiam ser evitadas graças a tratamentos adequados conservadores menos radicais.
O útero é um órgão importante para a mulher e culturalmente está ligado à feminilidade e à sexualidade, uma vez que a fertilidade necessita deste órgão para a procriação. Entretanto, “desde os tempos antigos ” criou-se um mito: erroneamente associou-se o desejo e o prazer sexual à presença deste órgão. Com a sua remoção, algumas mulheres se sentem “frias”, deprimidas, com baixa autoestima e “vazias por dentro”, embora não haja qualquer relação biológica para estes sentimentos, afirma o especialista. É o que se chama de “Síndrome da Mulher Oca” e se fundamenta exclusivamente nos aspectos emocionais e simbólicos que o órgão matriz representa.
Algumas vezes, o mioma é tão pequeno que só por meio da ultrassonografia ou ressonância magnética pélvica é possível diagnosticá-lo. Inclusive, na maioria dos casos, as mulheres descobrem que possuem o problema por acaso, em um exame de rotina ginecológico ou quando começam a sentir alguns sintomas característicos provocados pelos nódulos, tais como menstruações abundantes, sangramentos genitais irregulares anormais, dores, pressão dentro do abdome , etc.. Os miomas são muito mais frequentes na mulher negra do que nas mulheres brancas , seu crescimento é mais agressivo e os sintomas mais acentuados. Isto explica porque a incidência de cirurgias na mulher negra que tem miomas é bem mais elevada.
O seu desenvolvimento está ligado a uma predisposição genética que promove multiplicação acelerada e focal – uma espécie de clonagem- das células musculares uterinas e uma maior sensibilidade das fibras musculares uterinas aos hormônios femininos – estrógeno e progesterona.
Sintomas:
– Cólicas menstruais intensas;
– Crescimento anormal do útero;
– Sangramento uterino anormal, fora da menstruação;
-Fluxo menstrual excessivo e com coágulos;
– Dor abdominal persistente ou recorrente ;
– Sensação de que os órgãos internos estão sendo comprimidos;
– Dor anormal nas costas e pernas;
– Anemia por sangramento uterino anormal;
– Vontade constante de urinar pela compressão do útero sobre a bexiga ;
– Dor durante as relações sexuais.
Além dos sintomas, o mioma pode ter outras consequências como diminuir a fertilidade da mulher, já que muitos deles deformam inclusive a cavidade uterina, o que pode impedir o implante do ovo , causar abortamento ou até mesmo interferir mais precocemente, desviando ou comprimindo as trompas e atuando como barreira para o encontro do espermatozoide com o óvulo.
O tratamento deve lançar mão de técnicas eficazes e seguras que preservem o potencial reprodutivo e a qualidade de vida para a mulher. O tratamento conservador varia desde o uso de medicamentos , retirada dos miomas (miomectomia), seja através da videolaparoscopia ou videohisteroscopia (cirurgias minimamente invasivas) ou laparotomia (abertura do ventre) ou por meio da técnica de embolização dos miomas . Não obstante , a primeira opção de tratamento deve ser através de medicamentos, tais como anti-inflamatórios não hormonais ou progestogênios que promovem a diminuição da dor e do fluxo menstrual.
Com a administração destes “análogos”, a função ovariana é bloqueada; criamos um estado temporário semelhante a uma “menopausa” artificial de uns 2 a 8 meses . Assim, a mulher para de menstruar e os miomas regridem significativamente, criando condições mais favoráveis para a sua retirada por via mininvasiva, explica o Dr. Claudio.
Tratamentos conservadores
– Videolaparoscopia
– Videohisteroscopia cirúrgica
– Laparotomia
– Embolização de Miomas
Tratamento radical: histerectomia
Videolaparoscopia
Quando localizados na intimidade da parede intrauterina (intramurais) ou fora do útero, o ideal é o uso da videolaparoscopia. Neste procedimento é feito um pequeno corte no contorno do umbigo para introdução de uma microcâmera para fazer a visualização em monitores de TV, de toda a cavidade abdomino- pélvica e seus órgãos . Por meio de mais 3 pequenas e discretas punções de 5 milímetros é introduzido o instrumental operatório , adequado para a abordagem do útero e dos miomas.
Videohisteroscopia cirúrgica
Caso os miomas estejam dentro do útero é realizada a videohisteroscopia cirúrgica. Neste caso, após dilatação do orifício do colo e do canal uterino e distensão da cavidade uterina por uma solução, a óptica acoplada na câmera e os instrumentos cirúrgicos são introduzidos no útero. Por meio de um instrumento específico – ressectoscópio- , os miomas são fragmentados e retirados por via vaginal e as áreas eventualmente sangrantes são cauterizadas.
Laparotomia
Existe também a miomectomia por laparotomia, que é a retirada dos miomas pela técnica tradicional, abrindo a cavidade abdominal para acessar o útero e os miomas. Neste procedimento, a recuperação é mais lenta e a paciente pode levar cerca de seis semanas para voltar às atividades normais.
Embolização
Nesta técnica, baseada na radiologia intervencionista, um cateter é introduzido numa artéria da virilha, através de uma punção de 2 milímetros. Com as imagens transmitidas, por radioscopia com contraste, alcança-se as artérias que alimentam o útero e os miomas. Ali são injetados pequeníssimas esferas de material sintético (agentes embolizantes), que interrompem a passagem do fluxo sanguíneo. Sem essa irrigação, os miomas não têm como se “alimentar” e acabam como que “morrendo”.
Histerectomia
Como tratamento radical é feita a retirada do útero – histerectomia-, cuja taxa de realização nas mulheres portadoras de miomas ainda é exageradamente elevada em todo o mundo, alcançando índices de 60%-70% dessas cirurgias em mulheres entre 35 -54 anos.
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