A revista IN traz no seu caderno de saúde análise sobre os tipos de parto.Humanização

De acordo com o ginecologista obstetra Cláudio Basbaum, precursor e introdutor no Brasil, em 1974, do chamado Parto Leboyer (“Nascimento sem violência”) e da técnica de massagem para bebês (Shantala), a preocupação no momento do parto é proporcionar uma boa experiência para um nascimento sem violência. “O parto humanizado veio como produto dessa exigência que foi naturalmente ocorrendo. As experiências não eram tão boas e passamos a prezar pela presença do pai na sala e por um ambiente favorável para este momento tão importante”, pontua.

O especialista destaca que nem todo parto será natural, o que dependerá da observação do médico, “pois no afã de tentar que a criança saia por baixo a qualquer custo, podemos criar situações dramáticas nas condições de saúde física e mental dessas crianças. Não podemos ser radicais na opção da forma de nascer; todas as adaptações deverão acompanhar as reais necessidades, de acordo com a experiência de cada um”.

Existem riscos que são relacionados aos tipos de parto. “Você pode ter a dor do trabalho de parto, mas embora possa controla-la com anestesia e preparo psicológico. A evolução é perfeitamente monitorada a partir da participação atenta do médico, que pode criar um entorno positivo para que a experiência seja boa para todos os envolvidos naquele momento tão especial.  No caso do parto vaginal, a melhor opção para a  mulher é caminhar e não deitar, como sempre foi feito desde  quando a humanidade surgiu . No momento em que ela se sente liberta para caminhar, para agachar-se no momento de uma contração, tendo como parceiros o companheiro, o obstetra e a equipe de enfermagem , a parturiente  pode ajudar com eficiência na hora do parto.  Algumas gestantes se sentem “confortáveis quando contam  com o auxílio das doulas, que representam uma ” mãe substituta , cuja presença , oferece uma especie de ” colo” que a gestante tanto  precisa, e pode contribuir  para a evolução do trabalho de parto  de forma plena, mas sempre estando sob a indispensável , afetuosa e competente atenção  de um obstetra envolvido e não apressado”, explica o especialista, que dá preferencia,  a presença de enfermeiras-obstétricas durante todo as etapas do processo da parturição.

 

Prós e contras

Na cesárea o desconforto normalmente virá no pós-operatório, já que trata – se de um ato cirúrgico, no qual a paciente necessitará de medicamentos para controlar a dor após o procedimento. “Precisamos desmistificar que nenhum parto será menos doloroso que outro. No normal a possibilidade de prematuridade é menor, já na cesárea é maior, pois ele estará baseado em datas previstas, às vezes em ultrassons mal feitos e os médicos lidam com grávidas que não sabem ao certo quando foi a sua última menstruação. Em cima de tudo isso, a cesariana, quando às vezes muitas pacientes são agendadas para o mesmo dia, na mesma maternidade, (para que o profissional possa estar presente e conciliar com suas consultas diárias), pode gerar crianças que nascerão antes da hora, até através de induções agressivas para estimular esse trabalho de parto, que podem causar contrações para a mãe e sofrimento para o feto”, argumenta Basbaum.
Outros fatores que as mães que desejam realizar a cesariana devem saber é que se corta cerca de oito planos de pele, requerendo uso de medicamentos analgésicos e a cicatriz é maior do que no parto normal. “Além disso, o parto em sala de cirurgia, que se torna um lugar cheio de conversas paralelas e barulho, não contribui para o momento que a gestante atravessa. E comum aos mamíferos que se recolham para parir, por que para uma mulher precisa ser algo tão público?”, questiona o médico.

Anestesia: vilã ou mocinha?

Apesar de todos os cuidados que rondam a chegada da criança, muitas mães esquecem de se informar sobre os tipos de anestesias usadas durante o parto. A mais utilizada na cesariana, por exemplo, é a raquianestesia. “Ela pode causar queda de pressão, se não administrada por um especialista que saiba adequar a hidratação na mãe. Algumas mulheres podem apresentar ainda uma sensação de frio, pelas alterações vasculares que podem ocorrer na gestante, até pelo uso de drogas como a morfina, que são adicionadas ao anestésico para prolongar o tempo e inibir a dor. Se a gestante está se alimentando bem, realizando um pré-natal correto e se ela for preparada com um amparo psicológico e uma boa comunicação com seu médico, consegue usar tudo isso a seu favor, colaborando para que o parto evolua naturalmente”, finaliza.