Pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde revela a alta taxa de partos cesarianos no Brasil, principalmente entre mulheres de classe média alta com planos de saúde. No último Dia das Mães, o Ministério lançou a “Campanha de Incentivo ao Parto Normal” com o objetivo de tentar diminuir essa diferença, pois segundo o próprio órgão, a maioria das cesarianas é desnecessária e este número deveria ser de no máximo 15%.

080616_sau_partoA maioria dos médicos também recomenda o parto normal, pois é mais seguro tanto para a mãe quanto para o bebê. “Embora atualmente a cesariana seja uma intervenção realizada com muita segurança, é uma cirurgia e, por isso, tem maior índice de complicações (infecções, hemorragias, hematomas, lesão de órgãos, dores, aderências, indicação para outras cesarianas) e de mortalidade que um parto normal, tanto para a mãe quanto para o bebê”, afirma Cláudio Basbaum, ginecologista e obstetra introdutor do Parto Leboyer (Nascimento sem Violência) no Brasil.

No procedimento natural há um total envolvimento e participação da mulher ou do casal no processo da acolhida de seu bebê, com repercussões imediatas altamente positivas no vínculo afetivo entre eles. “No parto normal, tanto a mulher quanto o bebê têm mais vantagens, a princípio pela amamentação. Na cesárea, o pós-operatório dificulta esse processo devido à pouca locomoção que a mulher pode realizar. Futuramente, isso pode resultar em problemas emocionais e psicológicos da criança. O recomendado é que o bebê seja amamentado até meia hora após o parto”, afirma o pediatra Cláudio Ribeiro Aguiar, presidente do Departamento de Neonatologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

Já a cesariana, apesar de evitada, é fundamental em alguns casos. “Quando existem riscos para a mãe ou para o bebê, o parto de cesárea é fundamental. Certas doenças que eventualmente ocorrem na gestação, como incompatibilidade sangüínea, diabetes ou pressão alta, podem exigir uma cesariana para antecipar o parto. Em outros casos, como por exemplo, descolamento da placenta (quando a placenta se descola da parede uterina, impedindo que o bebê receba alimento e oxigênio, além de trazer elevado risco de hemorragia e morte da mãe) o parto cirúrgico se impõe em caráter de urgência”, diz Basbaum.

De imediato, a cesárea deverá ser indicada quando há sinais de “sofrimento fetal” durante o trabalho de parto ou gravidez de risco, variação grave dos batimentos cardíacos fetais ou eliminação de mecônio (primeiras fezes do feto) no líquido amniótico da bolsa de água.

Se o problema é a dor sentida no parto normal, há tempos sabe-se que com o recurso da anestesia a mulher pode dar à luz com muito conforto. Este procedimento pode ser usado assim que se intensifiquem as queixas de dor ou desconforto excessivo.

Existem até anestesias que permitem que a mulher caminhe durante as contrações. No entanto, não se pode esquecer que a cesariana às vezes é a única salvação para a mãe e o bebê.

A lojista Andréia Souto é mãe de Enzo, de cinco anos, e Patrick, de oito meses. Mesmo sabendo dos benefícios do parto natural, ela optou por cesárea em sua primeira gravidez e parto normal na segunda. “Na minha primeira gravidez, eu era muito nova e fiquei com medo de ter alguma complicação. Nos últimos meses de gestação, optei por fazer cesárea”, conta.

Andréia afirma que o pós-operatório foi a parte mais difícil da cesárea. Além da recuperação mais demorada, ela fez movimentos bruscos sem intenção e a cicatriz da barriga ficou maior do que o normal. “Com o Enzo, eu já estava mais tranqüila, mais madura também. Por isso, meu obstetra aconselhou o parto normal. Eu não estava muito tensa na hora, mas confesso que a dor é enorme. Mesmo assim, no final vale a pena”, afirma a lojista.

Helena Dias
Agência MBPress

Data de publicação: 16/06/2008