O processo de amamentação é um ato natural e fisiológico, comum a todos os animais mamíferos. Assim sendo, em condições de normalidade, dispensa qualquer artefato ou equipamento que pretenda interferir na espontaneidade do gesto e dos seus resultados.

Em certas condições ou momentos especiais, o aleitamento pode requerer a utilização de instrumentos como a bomba de leite, que auxiliem a retirada do leite materno para armazenamento e utilização programada a posteriori. Assim podemos citar:

  • Além da nutrição desde a primeira hora, na amamentação o bebê quer ser tocado, abraçado, sentir-se bem recebido
  • Aleitamento aos bebês prematuros ou com baixa capacidade de sucção
  • Persistência de mamilos invertidos (umbilicados)
    Ocorrência de mamas túrgidas, que dificultam a pega do bebê
  • Presença de rachaduras mamilares
  • Programas de doação para Banco de Leite
  • Readequação das mamadas de nutrizes que retomam suas atividades profissionais fora de casa (ou outro motivo que as obrigue a ausentar-se por alguns períodos) e que para tanto necessitam estocar leite
  • Para aumentar a produção láctea, bem como quando as mamães apresentam condições clínicas desfavoráveis por doença ou estafa.

Desde que utilize equipamento de boa procedência, de qualidade confiável e tenha a devida orientação para o seu uso, a bomba de aleitamento pode ser um útil instrumento para colaborar com as nutrizes nas indicações já mencionadas, sem causar danos. De fato, o equipamento a ser escolhido deve estar adequado à performance desejada, ou seja, adequada adaptação da ventosa sobre aréola e mamilo e não usar equipamentos de alta capacidade de sucção e que necessitam monitoramento especializado em ambiente doméstico.

Vale lembrar, como foi acima mencionado, que o ato de amamentar em condições de normalidade não pode e não deve ser substituído por qualquer artifício. Assim como costumo dizer “o seio materno não é mamadeira”, a bomba de leite não substitui por si a capacidade instintiva de sucção de um bebê e o aconchego de um colo materno.

Para a mãe, tocar o bebê e oferecer a pele e o seio logo após o nascimento, depois de todo o desgaste do trabalho de parto, além da intensa gratificação emocional faz desencadear no seu organismo um amplo processo fisiológico que inclui a liberação de endorfina, ocitocina e prolactina – intimamente associados ao “vinculo mãe-bebê”.

Entretanto, a muitas delas não cabe a culpa por não conseguir amamentar o quanto seria desejável. É seu direito exigir informações e que sejam criadas condições para que o aleitamento seja de fato um momento seu e do seu filho. Além da nutrição desde a primeira hora, na amamentação o bebê quer ser tocado, abraçado, sentir-se bem recebido. Desses primeiros momentos ele vai extrair o alimento para a sua autoestima futura e para o seu desenvolvimento saudável.

A produção e ejeção do leite dependem fundamentalmente de uma mãe tranquila, bem hidratada e da boa sucção do bebê. Quando condições perturbam esses fatores, tais como força de sucção diminuída ou maiores intervalos, pode-se fazer uso da estimulação mecânica para melhorar produção de leite. Tanto maior o estímulo, tanto maior a secreção láctea. As bombas de aleitamento visam simular as etapas naturais da ordenha, massagem e sucção – embora seja melhor, sempre que possível, que estas etapas sejam feitas manualmente e por meio da sucção do bebê.

Bomba manual ou elétrica?

Nos casos em que a nutriz for utilizar qualquer tipo de bomba, deverá sempre ser orientada adequadamente antes de sair da maternidade e não se ater tão somente às instruções de uso que acompanham comercialmente esses aparelhos.

Assim como na amamentação natural, a bomba manual também requer uma massagem prévia da mama, enquanto bomba elétrica, pretende “imitar” a massagem, a ordenha e a sucção. Nem sempre a capacidade da mãe de aprender, adaptar-se e acostumar-se ao uso da bomba é um processo fácil e indolor. Desconforto e alguns “machucões” podem ocorrer, e requerem sempre uma orientação prévia.

A bomba elétrica age promovendo movimentos semelhantes à sucção que o bebê faz, os quais estimulam a produção e saída do leite de forma automática, porém regulável pela mamãe de acordo com as necessidades individuais, enquanto que a bomba manual funciona na total dependência da nutriz para o ajuste de pressão e velocidade do bombeamento.

Compete à mãe adequar-se e eleger o equipamento que lhe pareça mais confortável e que abasteça as suas necessidades.

Autor: Dr. Claudio Basbaum
Publicado originalmente no Portal Minha Vida em 03/06/2015